quinta-feira, março 31

Meu querido II


Trago as minhas mãos geladas. Estão geladas como a brisa que corre neste fim de dia e que rasgam por fazerem choque com a temperatura do meu coração. Trago o meu coração quente. Sabes meu querido, quando estás no banho e corre a água quente, mas tens os pés tão frios que o choque do quente e frio parece que queima? Sabes meu querido, é assim que estou..Fria por fora e quente por dentro. Com as mãos geladas mas com o coração quente. O coração, o meu coração, que te pertence há mais tempo que me conheço, meu querido.




Porque um dia gostei de ti mas agora estou a amar(-te), meu querido.

sábado, março 26

Costura e remendos



Hoje peguei na colectânea dos vestígios extraviados, aquele que encapotei no fundo do armário aqueloutro o coração, e libertei todos os fragmentos que para lá amassei. Desfiei todos os golpes que por ali cosi, no tempo em que te ausentaste de mim. E logo eu que nem sei coser, logo eu que nunca te soube pregar um botão (e tu que tantos perdeste), costurei feridas. Costurei feridas para remendar a dor.
Hoje gente, eu rasguei a saudade para me enovelar um pouco nela, e fiz de conta que ainda estavas aqui. E nem tu sabes como sorri. Deitei-me por cima dos cobertores que em tempos enovelamos e sorri, sorri para depois gotejar mais do que a própria água que trago no corpo.
Deitei gotas,
gotas sujas do tempo em que achei que estavam limpas sem o estar. Isto porque me lembrei de ti, nesse corpo sem alma, ou alma por polir. E goteie, goteie até há pouco, depois de me lembrar de ti e não ver nada que agora em ti fosse assim. E sobre isto não há remendos possíveis.

.
.

.E agora que te desnudei, agora que te fiz, outra vez, uma ferida aberta, tenho de descobrir comodidade neste tão meu velho mundo. Porque tu não sabes, mas eu ainda te estou a costurar. Desde então.

.São golpes no coração estes de te amar assim. Estes de te desfiar para coser em mim.

segunda-feira, março 21

Qual a moral da história? V

.
.
Tu pediste-me que não te deixasse
e eu contigo fiquei.
.
Eu pedi-te que não fosses embora e tu por pouco ficaste.
.
Eu dei-te uma outra oportunidade e pedi-te que voltasses.
.
E tu voltaste mas não ficaste.
.
.

.
Hoje fui abandonada, de um pouco que tive.

Não sinto o meu coração bater, mas em contra partida, tenho o sol a transpuser.


E vou deixar o sol entrar porque tu nunca mais vais voltar.
.
.
Porque eu já não o quero. Porque tu já não és quem quero..

quinta-feira, março 17

Bagagem cheia e coração vazio

.
.Já por várias vezes, me disseste que «ia desaparecer da tua vida», mas quando ia, ia sempre lentamente e com a bagagem meio vazia, deixava umas meias esquecidas e levava as chave por engano, mas já não sei se era um engano meu ou na esperança de um engano teu.Quiseste que «desaparecesse da tua vida» por várias vezes, mas em nenhuma das vezes quiseste que levasse comigo o meu coração, mas desta vez, não quiseste ficar com o meu coração e não me deixaste ficar com o teu. Desta vez, quiseste que saísse rápido e sem meias bagagens. Não quiseste ficar com nada meu e não me quiseste dar nada teu.
E logo eu que te queria deixar um pedaço meu, como de todas as vezes que ia quando querias que desaparecesse. Logo eu, eu que te queria deixar um pedaço meu para ainda nos ires espreitando, de vez em quando. A nós querido, ires-nos espreitando a nós, nós que gostamos tanto um do outro como já há muito que não se vê.
E logo nós.

.
.
.
Agora não me peças para voltar porque eu estou de bagagem cheia e coração vazio.
E um coração vazio dói muito.
.

sábado, março 12

Tempo



Apesar de tudo o que me pudessem dizer, se o tempo voltasse atrás, mesmo passando e sofrendo tudo o que sofri, não pensava duas vezes em dizer que queria que o tempo voltasse atrás. Que voltasse o tempo em que te tocava, em que te sentia, em que te beijava, em que podíamos ser um do outro, mesmo que isso fosse durante uns minutos ou que fosse durante uns dias. Eu queria que o tempo voltasse atrás porque aí era eu e tu sem mais ninguém. E eu tenho tantas saudades de sentir o teu cheiro e principalmente de sentir o carinho que me deste.
Sabes, eu gostava de poder sair à rua e gritar bem alto que eu e tu já não nos conjugamos separados, eu queria voltar à rua e gritar que agora somos nós e que demos o nó. Porque por mais que eu tente tu não me saís da alma nem do corpo e a minha vontade em ter-te é muito grande.




Por isto, faço-te um pedido e isto poderá ser o começo ou o fim das nossas vidas enquanto uma,
vamos voltar nós atrás no tempo, já que o tempo
não volta atrás?



E isto era bonito, não era? Se não fossemos um tempo cansado, ou se não tivéssemos cansado o tempo.

Selinho

.

Selo oferecido pelo blog:

Maria Alves - Pegadas

(Mil obrigadas!!)

.

Sete coisas sobre mim:

Sonho muito e divago ainda mais
Adoro aventurar-me nas coisas e nas pessoas
Gosto dos “meus momentos”
Deposito-me em excesso nas expectativas que crio
Canto e danço muitas vezes para espantar a alma
Gosto de fazer rabiscos, especialmente bonequinhas com vestidos
Gosto muito de decifrar pessoas

.

Passo este selo aos seguintes blogs:

A todos os autores - Letras no caminho
Sara – As bonecas não são para meninas
Sara – Do you hear me?
Maria Francisca – A luz da lua nova
Ni – Dog days are over
Abc - Respirar
Vera - To write poetry across your body
Mariana – Folhas caídas
Annie – Junto do coração
Isabel - De olho na vida
Lábio de caprichos – A casa onde posso adormecer
Dan – Com amor, Laureen
Béc’s – # diário de bordo
Joana – Quando me beijas a alma
Lía – Letters to you
Inês - Deixa-me ficar em ti
Jo - Memórias acalentadas
PR” – Sorrisos perfeitos
Ana Moura – Um diário escrito em segredo
Liliana – Perfeito Juízo
Nês – Dance me around tenderly
Valen – O preço da felicidade
Inês Lopes - .
Maggie Sousa – Faço-te o mundo
Mariana -
Tonight i feel lonely again
Catarina - Palitos de la reine
Ana Patrícia – A winter for you
Sara – O desejo está desempregado

sexta-feira, março 11

Os papéis invertem-se sempre I

.
.
Antes eu queixava-me do teu excesso de palavras e falta de acções.

Agora tu queixas-te do meu excesso de palavras e falta de acções.
.
.
.

.
..
Mas querido nas entrelinhas das palavras pode estar a chave para as verdadeiras acções.
.
.
No entanto, os papéis invertem-se sempre.
.

terça-feira, março 8

Deixa-me ficar II

Hoje voltaste a despedir-te de mim para não retornares. E eu perdurei, novamente, apática até saíres. Optei por não te dizer nada, mais um dia, tudo porque as palavras depois de ditas não dão para apagar, e tu não sabes, mas eu ainda choro com as tuas, aquelas que me vais dizendo.
Podia ter feito o mesmo que tu, mas enquanto tu vais para voltares, eu vou habituando o meu corpo à tua ausência, o meu coração à tua inexistência e o meu rosto às gostas sujas. Gotas sujas por serem choradas por ti. Por seres tão sujo, quando voltas à noite depois de me dizeres todas as manhãs, por outras palavras, que «não há volta».
Hoje também me podia ter despedido de ti, mas em vez disso, deixei-me estar e chorei. Chorei e vou chorar todas as noites até não ter mais lágrimas para ti. Vou esfregar na minha alma as palavras frias que me dizes quando acordas, até ao dia em que já não seja preciso. Vou fazê-lo até que fiquem só cicatrizes do tempo em que estiveste. Pois, embora ainda sejas uma ferida aberta e eu ainda dei-te lágrimas sujas, em breve tu serás uma marca no tempo já sarada, e no me rosto já não cairão mais lágrimas sujas.




Deixa-me ficar para não mais sofrer. Vem aqui tornar-te um eu ausente do meu eu

sexta-feira, março 4

Mudança

Minha querida amiga, tu que me dizes que «as coisas já não são o que eram» não tens noção do que é morrer com palavras. As tuas palavras.Agora as minhas palavras para ti são sempre pensadas com medo de me exceder e dizer-te mais do que os limites de agora permitem. Antes tinha mil assuntos e nada para te dizer, não hesitava uma vez, em que momento o silêncio devia ser cheio ou em que momento devia acabar as tuas frases com palavras recheadas.
Minha querida amiga, para quem as coisas mudaram, tu não me conheces mais, para não saberes que eu ainda penso em ti e preciso de ti como antes. Tu não podes conhecer quem dizes que foi a tua grande amiga.Ainda continuas ser a mesma menina, a minha menina, pois o tempo não inferiu comigo. Tu continuas a ter a mesma imagem, como se houvesse parâmetros e tu continuasses a responder a todos afirmativamente.
Minha querida amiga, que de mim te perdeste, pareces-me como um primeiro amor, daqueles que nos custa a alma.
.
.
.
.
Tu és a minha saudade mas eu ainda tenho ânimo para te esperar.
Esperamos sempre por alguma coisa, e eu por ti espero. Nesta mágoa.
Minha querida amiga para quem as coisas mudaram.