sábado, fevereiro 26

Qual a moral da história? IV

.Eu calei-me enquanto te despedias de mim porque não queria que te esquecesses do meu coração quente.
Tu falavas enquanto te despedias de mim porque querias que eu ficasse com o teu coração frio.

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Mas calei-me eu para te deixar ir e falaste tu por não saberes ir?

sábado, fevereiro 19

Foste embora V

«Sempre achei bom ser de alguém. Ser de alguém que me tivesse realmente.»
Mas nem tu foste verdadeiro enquanto estavas comigo, nem foste meu realmente.
Tu nunca foste meu meu, e pensar nisto dói, porque houve um período que eu quis que fosses meu, quis muito. Mas quis enquanto queria que seguisse uma ordem inata. Queria muito estar contigo e fazer-te meu mas com direito a todas as paragens. Quis-nos a entrar num autocarro e a percorrer todas as paragens até ao terminal.
Mas na medida em que a ordem inata decorria, havia sempre a hipótese de ires e eu não queria nem podia atropelar esse factor. A minha maneira de lidar com essa hipótese foi fugir disso, e isso era fugir de ti. Era como sair antes do fim da terminal do autocarro.
E por isto, tu nunca foste realmente meu. Nem verdadeiro, porque me iludias todos os dias na nossa viagem.
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E nunca se tratou de ritmos, nem nunca fui eu que não te quis agarrar, só não queria agarrar a hipótese de ires.Por mim, tinhas ficado. Tu aqui e eu contigo..Mas tu foste embora.

quinta-feira, fevereiro 17

Meu querido I

Obrigada por de vez em quando ainda me lembrares porque é que me apaixonei por ti.
São esses momentos que fazem valer a pena tantas gotas que deixei cair debaixo da chuva. Mas tu, meu querido, ainda me escreves sentimentos sem dizer nada, ainda me arrepias de cima a baixo quando espero a tua chegada e ainda cavas fundo no meu coração, depois de ainda me saberes ler a mão.
Às vezes penso que perdeste este teu lado, mas depois meia volta e já me deixas aqui de queixo caído, como no primeiro dia, meu querido.
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Obrigada meu querido, mesmo que sentimentos não se agradeçam.

domingo, fevereiro 13

Chuva (de anos) II

Ainda me continuas a dar jeito longe, mas agora já nem perto tentas estar. Se calhar, é da chuva, nós nunca fomos bons juntos neste tempo. Se calhar, nunca fomos bons juntos em tempo nenhum.Mas às vezes ainda me vinhas dizer que eu era algo que sempre te completava e queixavas-te que te faltava algo. Eras atrevido e dizias que eu te faltava. Mas agora que penso, nunca o pronunciaste na chuva.Matou-me um dia não conseguir construir algo. Agora só dói quando olho para a mossa.

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Os papéis invertem-se sempre pois a chuva não é perpetua.
E tu já me dissesseste, que eu fui o que sempre sonhaste. Mas não na chuva.

Já agora, faltam 3 dias para fazer anos e está, outra vez, de chuva. Como há um ano.

sábado, fevereiro 12

Deixa-me ficar I

Hoje foi mais um dia em que te despediste de mim para sempre e eu estou tão cansada que todos os dias te despeças de mim para sempre. É mais um dos teus dias «que não há volta», mais um dos dia em que as tuas palavras me furam o coração, mais um dos dias em que me esfregas a alma para a veres cair e mais um dos dias que deixas o meu corpo a flutuar do que nada que me resta.Mas deixa-me ficar assim porque não vale a pena voltares para me dizeres que não virás outra vez. Deixa-me sozinha, porque eu vou habituar-me à tua ausência, da mesma maneira que tu um dia me habituaste que seria «a mulher com quem passarias o resto dos teus dias».

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.As coisa mudam, o amor deforma-se, mas eu ainda gostava de te ser tudo.
Mas deixa-me ficar sozinha e sem mais promessas ocas, por favor. Estou tão cansada.

quinta-feira, fevereiro 10

Qual é a moral da história? III

Eu sou nato.
Tu és artificio.
Eu sempre preferi a nudez.
Tu sempre preferiste a camuflagem.
Mas eu apaixonei-me por ti.
Mas tu nunca gostaste de mim assim.
Eu projectei o meu coração a alguém camulfado.
Tu projectaste o teu coração a alguém desnuadado.
E eu muito fantasiava.
E tu muito me embalavas.
Enquanto eu muito te amava.
Tu nada gostavas.



Erro meu entregar o meu coração.
Erro teu pensares que seria para sempre.

sexta-feira, fevereiro 4

Olhos e coração

E quando todos os dias me amavas, quando todos os dias me amavas para os olhos dos outros, quando todos os dias me amavas para o exterior, amavas "a outra" para o teu coração, apenas para ti e para o teu íntimo? Amavas-me no teu esconderijo mais exposto, e "a outra" amavas para o teu externo mais secreto?
Mas qual de nós tu escondias e qual de nós tu amavas? Se passeava (com) cada uma na sua aldeia: os teus olhos, o teu coração.
Sabes, afinal tu amavas "a outra" porque no interior está o coração. A mim, amavas apenas para os olhos dos outros. Prefiro que me escondas a mim e mostres "a outra".
Talvez com isto, me possas amar a mim e mostrar "a outra", porque assim eu fico resguardada em ti e "a outra" exposta. Assim conservas-me e eu fico com (n)o teu coração, e mostras "a outra" que fica com os teus olhos.

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Momento de memórias do passado Junho.
No entanto, uma coisa matém-se: eu prefiro o coração.