quinta-feira, julho 23

Cozer ou coser

Trago tudo! Tenho os fios dos meus sapatos, as pulseiras dos meus braços e as linhas do meu coração, presas ás mais belas memórias do meu gracioso passado.
Eu e a agulha somos tão amigas, como eu e a tesoura - como me desprego de ti facilmente, como rasgo os fios (soltos) das memórias; quando as tuas palavras são tão frias como o inverno no pólo norte; Mas ao mesmo tempo, sou tão cúmplice da agulha, que cozo as memórias retiradas; quando o teu olhar é tão quente como deserto sara.
Comprometo-te a arrancar tudo! Arranco mas cozo, agora eu cozo é no lume! Vou cozer todos estes dias, estas semanas, meses, estes anos: vou coze-los; mas vou coze-lo e deixa-los cozer até ser só vapor; só restar vapor. Vou abrir as janelas e deixar correr toda a tua humidade
Não! Quem estás tu a enganar, Mafalda?! - Eu vou guardar um bocadinho; só um bocadinho para quando a saudade apertar, só para a (me) alimentar.
Oh, tenho fome! Fome tua! Quero ser alimentada pelo teu amor: quero guardar tudo, tudo.
Vou correr atrás do húmido ar, e vou fecha-lo; como se fosse possível conte-lo.
Não, espera! Vou voltar o tempo atrás, ou nem preciso de tanto; Vou correr atrás de ti meu amor - não quero saber do passado, quero o presente, e no presente eu continuo a querer-te: tal e qual como no passado.
Vou atrás do vapor, talvez ele já tenha chegado a ti; já te tenha contado a loucura do meu amor: a fome do teu sabor! Oh meu amor, como eu preciso que me alimentes…
Estou presa ao teu ar, estou atrás do teu cheiro, eu sinto-te, sinto-te tanto!
Mas preciso de ganhar força, para alimentar a minha fome; vou só fazer um desvio até nós - até aos bancos dos segredos, passear pelas ruas das nossas testemunhas; Oh eu preciso de todo este percurso, para “comer” as memorias.
Não! Quem estás tu a enganar, Mafalda?! - Quem eu quero, quem eu quero comer de amores, és tu; tu meu amor. Não me alimento com memórias.
Olha, mas cá estás tu! Estás acorrentado de vapores, cozido ou cosido aos fios dos amores; Oh meu amor, também sofres por mim?
“Sim” – sim: mas a tua dor é diferente. Já conheço o discurso!
Eu vou rasgar com os meus dentes, todas as tuas mágoas, todos os meus pecados, todas as minhas derradeiras heras; vou comer as memórias do teu corpo.
Porque sabes, apesar dos “de”; eu adoro as nossas memórias: boas ou más; por isso eu como-as, como-as com gosto; como-as para tu as deixar, isto em troca de um presente.
Oh meu amor, alimenta-me: arrumamos o passado e eu dou-te um presente cheio de tudo; menos de dor!
Vou cozer ou coser(-te) em mim!


(Meio de Junho de 2009)



* Quer sejas memórias;
Quer sejas realidade -
Vou amar(-te).
Porque realmente,
és a linha mais bem definida,
no meu pedaço de trapo humano.

quarta-feira, julho 22

Coma de ti

Seduzes-me! Enquanto me tentas, eu cogito: “Realmente estás no teu maior fluxo das vibrações!”.
Ainda assim, neste mix de sensações, questiono o facto de fazeres tudo de forma rápida; acho que o amanhã te assusta.
Puxas-me! Puxas-me para ti. E eu deixo-me ir; fingida de menina frágil.
Deixo-me navegar em ti: Percorro-te! Debaixo até cima; entro na tua onda e percorro o teu mapa corporal, já meu conhecido – e (re)conheço(-o).
Reviras! Reviras-me e põe-me por baixo - tu sabes como não gosto de ficar por baixo; mas hoje nem protesto. Fico só; fico porque não tenho forças para duvidar do que me fazes sentir.
Entrelaças os teus dedos nos meus; após entrelaçares o teu dedo no meu cabelo, e levantas-me os braços; colocas os teus joelhos sobre os meus ombros, e vendas-me: não vejo o que fazes comigo, mas sei que estou a deixar que me domines.
Estou presa, ataste-me (em tua) cama – em ca(o)ma de ti; do teu, nosso amor.
Prendidos os braços, e descontente ainda, não ousas em prender-me as pernas também. Oh meu amor, onde ganhaste tu jeito para me dar a volta?
Seduziste-me; puxaste-me; reviraste-me e ataste-me“Sacana”(!) – penso. Agora atreves-te a deixar-me;
E entro em coma de ti – estou cega, cega de t; por ti; em tii! E presa, atada: maneável; vulnerável.
Mas só quero despertar quando regressares - não preciso de ver, só quero sentir. Quero antes sentir que voltaste por nostalgia; do que a saudade é antes e só do meu corpo.
Encaixa-te em mim: sempre fomos a equação perfeita - o x que encaixa no y e a harmonia de dois corpos em junção do amor.
Não me tirem de ti: não me arranquem tu de mim(!); não o façam porque eu desprendo-me - eu parto do coma, na fúria de te amar; sigo o teu odor na chance de te encontrar – estou em: coma de ti.
Recordo a fusão de palavras, em tempos de amor: “O nosso amor pode-nos levar onde quisermos!”; Recordo-as, e aplico-as(!); agora já as sei conjugar e aplicar em fórmula; do nós.
Estou presa; cheia de corda a ti, fios da nossa paixão. Mas presa em coma de ti, não faço nada aqui; Eu preciso de ti!
Sinto: lusofusco, ofusco, imagino, deliro.
Então vejo sinais; vejo-te entrar: tu (semi) voltaste!
Tinhas-te apenas esquecido de perfurar o teu peito; pegar no coração; tirar fora a dor; e enterra-la em profundidade(!)
Absurdamente, pronuncio palavras em segredo;

Que esta não nos incomode mais amor, como se tudo fosse possível e feito, para nós, à nossa medida, do nosso jeito.

“Acorda” – Gritas!
Estou em coma de ti!

(Inicio de Junho de 2009)

quinta-feira, julho 16

Ás 18h num sítio qualquer

BVVV; BVVV: repisou o meu telemóvel consecutivamente – “Onde estas?”; “Obrigado Mafalda. Obrigado!”.
Não sei onde pretendias levar a tua intenção de manipulação, mas o meu sobrolho entortou até ao fundamento da questão.
Beneficiando da incógnita, prescindi a minha mão de escrever o que o meu coração emitiu: “Podíamos ir lanchar se…(?)” - Não pode ser, discorro eu: apago após ter enviado.
Oculto-o bem fundo para não ter que o ver; escondo-o e resguardo-me: “Podíamos” - mas como me resguardei, procuro não me encarar por inteiro e com os olhos entre abertos me busco.
Não comunicamos pois, tenho apreensão de ver a réplica: mas ás 18h num sítio qualquer.
Íamos sentar-nos numa esplanada, ou no banco - o dos segredos, aquele nosso sabido, lanchar um apetitoso folhado de chocolate, como nos velhos tempos, e com isso: brindaríamos à nossa contemporaneidade.
Roçavas; passavas; manuseavas - “Agarra-me, puxa-me e beija-me”, cogitava. E aí: lancharemos os beijos da saudade. “Ridícula” – pensei; ridícula saudade.
Prosseguimos num trajecto que não me era desusado: leva-me; leva-me para onde quiseres, eu vou. Eu contigo vou para todo o lado – sou tão manipulável.
Deixei-me ir: conduzias-me para entre quatro paredes.
Eu sei que desejavas sentir a essência embebida da nostalgia, a carência que o meu corpo acarretava no teu - como eu era puzzle embutido em ti.
“Mas com que te despistas?”, pensei. “Ele está bem: delicado como sempre, tratado!”; “Deve andar bem, sorri”; “Ele está a sorrir-me demasiado”; “Mas ele está cuidado, está bem”; “Eu sou só a ex-namorada a acompanha-lo até minha casa”;
E foi em entoação de interpelações, que posteriormente a abrirmos a porta do meu lar, que em género de chantagem me aprisionaste o pescoço, e não me deixaste contornar a cabeça - já não contemplava o teu olhar verde: belo e genuíno, encaixotado no meu negro, à tanto tempo.
Rememoro - como tu eras formoso, gracioso, jovial.
O teu cabelo tinha composto umas feições perfeitos; calçavas os meus ténis preferidos e trajavas uma t-shirt vermelha – a pigmentação da paixão, e ficava-te tão bem. E o pormenor, de como eu venerava essas tuas mãos ruídas, a puxarem-me.
Num ápice, vi-te próximo de gemeres de mágoa e desenraizares uma lágrima - como cogitei o que em quantia me repetias: “Os homens não choram, estive só a descascar cebolas.”
Quiçá, por actuares a tua fraqueza, e eu presenciá-la, comutaste a voz tremida por um beijo - alternaste o vocábulo duro por um mais meloso.
Tens pensamento para reflectir a minha sensação?! Aguardava-o desde que partiras; esperei-o toda a data.
Quando te aperfeiçoaste, readquiriste o juízo e sisudamente verbalizaste: “Porque me fizeste isto?”
A chuva chorou a minha cobardia. Eu converti-me a chuva…
“Dois anos e meio não se levam para longe” – Considerei mas degluti!
(Olha: Tinha saudades tuas, e é só…)

(Início de Junho de 2009)

quarta-feira, julho 15

Jogo


Quando nos interessamos por alguém, nunca sabemos se o nosso peão fica por baixo ou continua de pé. Lançamos os dados, e muitas vezes nem queremos olhar para o restos dos quadrados, pois raramente entendemos que existem outras duas ou três combinações.
É sempre um mistério até saber se o resultado foi: um e quatro, cinco e três, dois e um, ou seis e seis.

Connosco, quando os dados cairam, os peões tremeram, como o meu olhar, que balançara entre o medo e ansia.

Tu levantaste a cabeça e sorriste - seis e seis. Começamos a conversar e apercebi-me que os dados estavam certos.

Mas à medida que crescias, os números cresciam contigo. Na verdade sempre foste um herói, um herói cobarde mas um herói. E já estavas lá à frente.

Eu continuava na casa da partida, não sei se cega com o teu olhar de "mar", se "puxada" pelo vento para não "andar".

Quando comecei a perceber porque eras diferente de todos os outros, e que queria ir atrás de ti, encontrei-te sentado no banco dos segredos. Não sei se à minha espera, se a desfrutar desta vida de herói ou a rir "da comum mortal", que era eu.

Na verdade, eu vi-te com bons olhos, achei que ias ser a música mais harmoniosa do possível novo capítulo da minha vida, o sol das minhas madrugadas e que me ias fazer saborear o momento mais amargo dos meus pecados.

Tu foste tudo isto: o herói da (minha) vida, a mais linda página do meu diário, a mais querida vigula dos meus dias, o maior amor dos meus tempos.

Agora és a ausência do meu coração, e só queria comer queijo até (te) esquecer.

Já não sei é se queria aprender contigo, o que fizeste comigo, e - roubar tempo ao tempo, para roubar o teu coração, para ter tempo para te dizer que se pudesse tinha vivido mais devagar, só para o tempo me dar tempo de te olhar, mais um bocado, neste tempo.

Mas a ti, não te devolvo estas palavras: tu que me enganas a mim para te enganares a ti; que és tão firme diante da multidão mas ficas tão perdido e estendido no chão, quando ficas a pensar num perdão.

Hoje desprezo-te, porque não tenho um sorriso para te mostrar, e aposto que se for lançar os dados o resultado jámais seria: seis e seis..

A “nossa máquina” diz: Game over!
(Ínicios de Maio)
* Amor,
a tua expressão diz-me que estás mal -
fala: não guardes para ti! (Ele…)
Como é que algo pode estar mal,
se estás aqui comigo,
de novo? (Eu…)

domingo, julho 12

Torná-lo

Andas por aqui – ás vezes vejo-te a abraçar-me enquanto acabo de guardas as memórias de um sorriso bonito a desabar sobre a cascata perfeita, ou a aconchegar-me o lençol, ou por fim, a dar-mo por completo. Depois sem fazeres barulho, tornas a sair e trancas(-me) com receio que um dia me canse, desta vida incerta, em que a pergunta deixa de ser “o que vamos fazer hoje” para “sobre o que vamos discutir hoje”.Hesito em ligar-te, e saber se voltas antes do amanhecer, quero dizer-te que tenho saudades, que ninguém me faz tão feliz, que os meus dias sem ti são secos e frios, ou melhor prefiro pensar que são ardios, como um deserto imenso e que isto não passa de uma miragem. Mas enquanto fico no impasse de ligar, recorro a memórias nossas conhecidas, onde me ardem os ouvidos das palavras que me disseste. É aí, que agarro numa fotografia e penso “vou guardar-te cada pedacinho, solto ou inteiro, em mim”. E recordo-me, como é neste instante, que fazes aquela expressão, em que quase torces as sobrancelhas de dúvidas, e a minha imagem segreda-me:“os homens não percebem as entrelinhas”.
Assim, e tentando ser mais clara, começo a rabiscar: tu és estrela, eu lua, tu íman, eu metal. E tu, homem de poucas palavras e mais acção, tapas-me a boca e mostras-me como um ser humano pode ganhar asas. Aí, convicta e mais certa ainda, eu respiro e digo “a isto é que eu chamo o verdadeiro paraíso”.
Mas agora parto eu, porque apesar de me entregar e envolver, à depósitos inconscientes que nos arrastão à sombra da dúvida que é como um tormento diário. É neste exacto instante, que me tentas trocar as voltas, falas do nosso nó cego, relembras ainda as tranças e rematas com a frase “mas não queres sentir o que é bom”?
Depois entramos na divergência de caminhos, mas rapidamente, em equipa, conhecemos que enquanto houver uma estrada conjunta para andar, mesmo que me tenhas ensinado a partir nalguma noite triste e somado o medo de: “eu não quero é experimentar o que vem a seguir: o mau”, eu ensinei-te, ou talvez tu, a chegar, ou a voltar, e é com isto que continuamos.
E é pois, neste pensamento mais nobre, que espero que regresses do outro lado da cama e me segredes “let’s make it again”?
1242742 - dá para acreditar?

(Fins de Março, 28 meses)


* Perguntas-me,
se ainda gosto de ti como dantes.
E eu respondo: Gosto mais!

Pois é no meio das desavenças,
que descubro que mesmo assim,
quero ficar contigo!

sexta-feira, julho 10

We break

We break, como se quebra uma borracha, um lápis, um cartão.
We break, com uma palavra, com um gesto, um adeus.
We break, como se apagássemos o carvão do lápis, escrito num cartão com uma mensagem desejada. Limpamos, vazamos e QUEBRAMOS.
We break, com uma palavra “mal calhada”, com um gesto pouco apropriado, com um adeus inesperado. Gritamos, empurramos e QUEBRAMOS.
We break: quando me sento e escorrem momentos do que me faz ver, quando escorrego e deixo cair o que foi nosso, quando tento sorrir e foge-me a vontade, por a força do fio que nos esgotou.
São intrigas, são mal feitores, são palavrões – invejosas as pessoas que não se contentam com a sua infelicidade. Façam força para que a nossa, seja dois bocados piores, e sorriam, sorriam quando virem que mesmo assim, não há melhor bocado de mim, que o homem da minha vida.
End, fim da história que querias, como vocês queriam. Mas a continuação, não apenas dos 2y melhores, como do meu respirar, do meu ver, do meu andar – não é o fim, é a continuação de uma vida feita por ti.
Quebramos, por fora, mas nunca por dentro: porque o que sentimos, diz-se em palavras contrárias, atitudes contraditórias, mas sentes sempre como se fosse a primeira vez, não (me) esqueces.

- My life, it's all about you

(Ínicio de Dezembro de 2008)



* Quebramos:
uma, duas e sete vezes...
Isto porque usamos fita-cola,
E não tudo o que se requer do amor.
Mas agora sim,
estamos certos AMOR!

quarta-feira, julho 8

Ainda te sinto

Já pouco sei como eras, mas conheço as tuas expressões, as tuas mil e uma caras e o teu corpo, de cor e salteado. Não sei exactamente o que entendes em cada gesto, cada palavra, cada magnitude, mas reconhecia-te em qualquer circunstância.
Pouco entendendo já do teu revolucionamento, mas és muito bonito: tens uns olhos verdes verdade, com um cabelo claro, tens um coração enorme onde te cabe todo o mundo, o teu mundo – os teus amigos, e eles afirmam que és o melhor amigo desta vida.
Andas de calças de ganga e calças uns ténis, nunca serás um marido de barriga cheia, pois “trazes ás costas” o ciclo desportivo. Pouco te imagino, senhor de fato e gravata, mas queres desenhar grandes construções, como desenhas um sorriso nos meus lábios.
Falas uma e duas línguas e consegues fazer piadas: piadas e fazer-me feliz.
Andamos juntos pela confusão de cidade: agarras-me a mão em todas as ruas com medo de me perderes, como um pai que cuida da filha – sempre em torno do amor; entras comigo em cada porta que se abre, pois vamos juntos nos desafios ás oportunidades; em sinais vermelhos, já fecho os olhos para sentir os teus lábios doces a percorrerem a minha face até ao encontro dos meus, e perco-me assim nos teus beijos profundos e apaixonados; pões um braço por cima do meu ombro, sorris duas e três vezes para mim e voltas a ir comigo à procura da essência para a explicação do nosso amor perfeito.
Ofereces-me colares e eu escrevo-te bilhetes: equivales os colares aos fios da nossa paixão, e eu os bilhetes há comprovação da revolução e remodelação que a nossa relação já sofreu. - Dás-me o que ninguém me deu!
Não sei bem o que foste no passado do passado e o que pretendes agora no presente, mas ainda te sinto. E tenho a certeza que andas à volta de mim – de nós, e do nosso amor perfeito: com desavenças, mas que a distância não apaga e o silêncio não acomoda, e em contradição, com um brilho que me deixas nos olhos e um capricho que me enche o coração.
Quem sabe, se um dia, não foges de casa e dizes que queres ficar comigo. Mas se não for assim, fica perto de mim por agora - só até deixares de acordar como criança de dez anos, sempre atrasado, mas com a ânsia de me encontrares: porque nunca te queres separar de mim.


Nem que apostes duas e três vezes, isto deixa de ser assim
(e volto a dizer: ainda te sinto)


(Feitos 23 meses, Outubro de 2008)

* Todos apostam o tempo,
a que as nossas saudades nos levam.
Cá para nós,
eu aposto em nós,
juntos!