segunda-feira, agosto 31

Hoje as memórias seguem-me

Os meus olhos brilham – “Não posso sentir saduade”, penso!
Estou entregue ao futuro que chorei, que lutei, que desejei e tu nunca tinhas sido o meu motivo de escrita directa; eras uma potente forma de equilíbrio; o meu suspensório.
“Egoísta” penso. Entendeste-me a mão; deste-me as tuas pernas para seguir em frente; encontraste a minha alma; e agora?!
Agora não escutas, porque não te dou a conhecer que hoje as memórias seguem-me – estás na imagem que te findei e não restou nada, só medos.
Culpa-me! A mim ingrata e egoísta.
Tu: tu que me devolveste as sensações; me devolveste os dias menos negros; te entregaste com tudo o que podias dar; que realizaste os meus caprichos; tu que escreveste comigo uma nova história, tu – só tu!
Tu – que me aceitaste com o meu pretérito perfeito, com os tempos conjugados no passado, sem vontade de os findar, apenas transpô-los no presente.
Culpa-me! Culpa-me mais uma vez. A mim e aos meus medos – controlada, fui esquecendo toda a lógica de um possível re-envovlimento: a confiança!
Fui domada por mim, pelos meus medos, e somei ainda os teus. Tive vertigens em arriscar e fiquei parada, a ver as sensações caírem pela cascata das minhas indecisões.
A ti te chamaram de boneco, eu cá chamei-te de estrela: estiveste perto de mim, mas agora sei que irás para longe e deixarás as memórias comigo, para me atormentar, para sentir saudades. Eu sei que queres que (te) recorde!
És a primeira pessoa que nomeio de estrela - prometo que te mostrarei a minha gratidão, embora de forma oculta mas consistente: irei noite sim, noite não, ao encontro da estrela mais brilhante e chorar um pouco da minha saudade: não a saudade de afecto do “amor”, mas de um carinho amigo.
Amigo: chamo-te em segredo, melhor amigo. Tu conheces-me de todas as formas: nos dias bons, nos dias maus. Eu cá conheço-te em todos os feitios, melhor do que ninguém, assumo. E por isso, sei que desta forma nunca me vais querer, é sempre pouco para ti – é apenas meia dúzia, da dúzia que tu querias.
Culpa-me se te fizer sentir melhor – acho que posso já sentir o que me vais dizer: “A pessoa que me ensinou tudo o que sinto agora, deixou-me para trás. Como se não valesse de nada!”
Não te deixei – apoiei-me antes em todo o teu afecto para sonhar, e conseguir o que nunca te neguei nem ocultei.
Sei que preferirás não me ter de maneira nenhuma, do que na forma incompleta.
Memórias, hoje são só memórias – entre soluços, quero apagá-las do meu disco interno, lembrá-las apenas pelo externo; mas as memórias seguem-me.
Pedir-te para me lembrares com o coração era demais; era injusto!

Recorda-me; do jeito que quiseres.

terça-feira, agosto 25

Esboço

Em perspectiva crio um plano de um esboço ideal ao teu corpo humanizado – olhar definido, estrutura direita, organismo consistente.
Esboço: rascunho-te; delineio a tua forma; analiso o teu carácter – rasuro-te, apago, desenho-te, aperfeiçoou-o, modelo-te.
És o meu projecto – quero conseguir-te nas minhas ideias: defino-te a meu gosto.
Rascunho-te: traço-te e emendo-te. És o meu plano.
Tornas-te o meu plano: quero obter definições concretas, planos certos, linhas paralelas, campos de visão meus: fechados ou abertos, conforme o meu estado de espírito.
Delineio a tua forma: energia é a palavra-chave. Alimento-te em fibra!
Analiso o teu carácter: mexo na tua razão – aprovo e desaprovo os teus pensamentos. Mexo com o teu sistema.
É meu objectivo a transformação – consiste em ganhar mais gosto!
Rasuro-te, apago, desenho-te, aperfeiçoou-o, modelo-te – Eu esboço-te.
À minha maneira; na minha medida; em torno de mim: dos meus gostos, dos meus vires, dos meus concordantes.
Domínio – domínio em ti, meu amor: agora elimino as imperfeições, risco o que não interessa e contorno os valores.
Tudo por ti: és o meu plano de esboço perfeito. Ficarás completo.
Estás certo para mim – há minha maneira, do jeito que me agrada!

Deixa para lá. Sabes que mais?
Gosto muito mais de ti assim – um esboço real: definido, realizado por ti!

terça-feira, agosto 18

Ignorada

“Não és. Em mim não és.” – Palavras sem sentido!
Chegamos a esta conclusão lembraste?!
O melhor mesmo é começar pelo inicio: fantasias.
“Imagens fantasiosas”: Estou a ser demasiado directa.
Imaginas-me; imaginas-me como pessoas imaginam carros, casas, férias. Tu imaginas-me a mim.
Idiota! Como é que podes explicar um momento; uma provocação em tipos de atracção, ou sentimentos - chegando ao absurdo!
“Tocaste na ferida” – A minha está sarada! Estou imune a dores: à minha própria e à dos outros. “Egoísta” aposto que foi o que pensaste.
Ás vezes isso ainda me preocupa, a ti só te toca em passatempos, quando sentes a lembrança; quando te apetece “brincar”: brincar aos mundos isolados.
Deixa-me puxar-te. Isso não existe, não é como dizes: a fantasia nunca pode ser melhor que a realidade. Falta-lhe isso – Concretização.
Se imagens fantasiosas, se desejos impossíveis e brincadeiras isoladas, te completam como dizes, eu digo por cima que é mentira. O receio pára-te.
Existem em ti dualidades: ir ou ficar; conhecer ou fantasiar. Isto porque és cauteloso, segundo tu.
Sou ignorada.

Agora sim estamos a começar; estás a conhecer-me.

(Olha e já não sinto; é sem sentido)

quinta-feira, agosto 13

Distância III

Mafalda diz:
Gostava de tempo…

PEQUI diz:
Eu gostava de te ter…


Como é grande a nostalgia, Ana;
Queria voltar o tempo – não emendava nenhum dos laços que traçamos, nenhuma das linhas que ligamos, e muito menos nenhuma das pontes que criamos; trocava antes todo o silêncio que guardei com medo de ser um “entupimento”, em dias que o sol estava obstruído pela montanha, por dias de sol, em que era tão fácil falar contigo da saudade e cantar uma, duas, três ou sete músicas das “nossas escadas”.
Sabes, ando sempre pé a pé com a”nossa saudade”;
Milhares de curiosos, interpelam na rua o meu corpo nu de saudade, as feridas de quem sente a falta, os olhos de quem precisa de alguém que está longe; e perguntam-me “Mas o que é a saudade para ti?” – aí eu respondo: a Ana!
Uns tolos riem-se – uns porque acham que a saudade não têm nome; outros porque após mais “toques na ferida”, sabem que vives a milhas; Mas sabes o que te digo? Não sabem o que é sentir – mas aqui as forças faltam-me para explicar que um mar não é um entrave mas uma forma de conhecimento, fico-me na coragem de lhes dizer, que como tanto me dizes, “não têm espírito aberto para sentir” – aqui pego na minha fraqueza, na “tua falta” e na nossa simbologia – a cruz, a cruz que me depositaste “com tanto amor”, para estas horas de nostalgia, meto-a ao pescoço e vou contigo, para todo o lado.

A saudade e eu somos as melhores amigas; estás a entender as minhas entre linhas?! A saudade é parte de mim; e tu andas sempre de mãos dadas comigo.

Mas tu és mais forte que eu: porque agora falas na falta da minha voz, eu vou logo para falta da tua presença. Do outro lado, oiço-te dizer, tentando ser serena a esconder a lágrima que cai, após complementar essa riqueza interior - “Temos de ter outras armas para combater tudo isso!”

Somos sílaba por sílaba!
“Sabes tão bem falar por nós” – rematas.
(Meios de Julho de 2009)

terça-feira, agosto 4

Gritos

Um acto de expressão de o ser humano - é reanimante, consolante, revitalizador!
E é ressacada de um acto de manifestação, que me desloco em saudade e sobrevoou por cima das minhas camadas; Assento em longevidade.
Com a saudade na mão e o erudição nos pés; Gritas ao meu lado, como se o desconhecido fosse um desentendido – e aí é-nos dado o conhecido.
Fizeste reinar em mim um grito de mudo de vitória: sinto que ganhei mais um pedaço de expressão.
Grito terminantemente o terror que é sentir-me em lupings; a montanha russa, abriu-me os olhos para vomitar na torre da confiança os dissabores.
Tenho muita nostalgia encravada para expelir; doce saudade!
Esta é a recompensa: descer! Mas estou expressamente muda.
Buzz, gritem; enquanto caminhais tu nestes percursos, onde nos fazeis abrir: uma fotografia, um carimbo, brilhante e memórias – a única coisa que (nos) fica, ou resta, digamos antes.
Sabes (tu) reflectes-te tu muito por aqui, mas como lusofusco em gritos amedrontados muitas vezes, não sei em que plataforma me segurar, para recuperar a minha voz congelada.
Empurraste-me muitas vezes mas não me embebeste; depois penduraste-me em ti mas tinhas medo de mim – AAAAH!; gritavas tu, depois de mim.
Desconheço em que grito isto é validamente expresso. Mas enquanto (me) aterro, o mesmo pensamento é ditado – valeu a pena!
O grito da saudade, o que conduz agora o (meu) caminho.
Mas sinto-me a perder a capacidade de guardar um grito nostalogico sozinha.

Cativam-nos assim uns aos outros!
E que o veneno humanizado, não se torne uma ponte entre nós.
(Meios de Julho de 2009)

sábado, agosto 1

Verbo amar

A presença da tua última imagem, é o meu vício de te amar - o teu sorriso de ar de dez anos que me cativa, com o olhar cor de mar que me marca, juntando uma estrutura corporal que me apela a um estilo misto de cores neutras; eu não me canso de me viciar.
Pronuncio baixinho, o verbo amar no passado, presente e futuro, todo revirado em teu canal – “
eu amo-te!”Falo baixinho, porque diz-se que o que é mais importante é dito no silêncio, mas eu quero que ainda assim me escutes; e falo em futuros porque sei que: eu, tu e o verbo amar andamos sempre de mãos dadas, nem que seja conjugado no tempo das memórias.
A presença da nossa última escuta, são assim a minha fonte de inspiração para a continuação desta saudade que me consome todos os dias mais um bocadinho.
Amor, transporta-me nesse teu saco de viagem a que chamas coração. Navegues pelo mar que escolheres, não enchas a bagagem só de sal; não esqueças o que é doce.
Amar é realmente sinónimo de sofrer; pronuncio-o como gente grande, pois estou salgada, tenho o sabor das lágrimas que chorei.
Estou morta amor. Mas espero que o verbo amar não se tenha esgotado no nosso dicionário para que possa ressuscitar depois de amanhã; se não sobram as memórias – e vou procurá-las para me encontrar, depois de as amar.
Espera-me; voltarei para nos conjugarmos – o verbo amar, no presente.
(Meios de Julho de 2009, 32 meses)




* Quando a saudade é:
maior que o coração;
Sobressaem os traços apagados,
em vez das linhas definidas.
Somam-se as desconfianças;
Mas o verbo amar só se inibe,
Não termina!