domingo, setembro 19

Segredo



Não é segredo o que nos proibiu, é segredo o que fizemos. E o que fizemos, já não é o que fazemos. Agora já não podemos fantasiar porque já não estamos em estação para nos movimentarmos. Portanto, já não calcamos o paraíso e muito menos estamos em risco de perigo. Já não nos mexemos muito. Agora, eu só falo, falo, escrevo e falo; E «espero pelo mundo.»
«A minha parte do mundo deixou neste momento de ir ter contigo.»
Quando isso acontece, é porque já não temos muito mais para fantasiar e temos muito pouco para dar, não é? Muito pouco, ou nada... Mas ainda em segredo. Mesmo que eu não faça rigorosamente nada, aliás, como tu! Seria precisa muita vontade, não é?


Vou esperar, ainda que em segredo!

segunda-feira, setembro 6

Desejos sujos

«Estou aqui deitado meio morto na praia a ouvir o que passam. Faltavas cá tu sem mais presenças.»


Mas nós: «somos pelo menos capas» porque sempre que nos apaixonamos quando nos vemos, trazemos ao de cima um mestiço de perigo que bamboleia-se numa mentira. Nunca somos dois sem mais presenças; somos pelos menos três: eu, tu e os desejos sujos! Não somos capas, somos mentiras e vemo-nos assim. Ou se calhar, nem nos vemos realmente!

«Faltava-me ter confiança.»