sábado, fevereiro 13

Saudade surda


“A saudade é a presença dos ausentes” Olavo Bilac


- Olha tenho saudades tuas!
- Ham?! O quê? Não percebi. Podes repetir?


Trago saudade escrita na testa; Acarreto a saudade presa ao coração; Eu arrasto uma mistura de sentimentos de perda, distância, amizade em cada passo que rojo.
Uma senhora velhinha, repara em mim, na saudade que fez flecha no meu coração. Esta, também trás a nostalgia como prato do dia. De imediato identificamo-nos. Ao fim da tarde, já não somos duas mas uma roda de Portugueses a chorar saudade. Aqui dou sentido ás frases que são vozes na rua – Saudade é o bilhete de identidade dos Portugueses.
Mas, como é que podem titular pessoas de “saudade”; Se a saudade só se pode experienciar? Esta nostalgia não se chora por distância; Esta saudade não se sofre por não se ver; Esta é das piores: vê-se, está-se mas não se sente.
Nós éramos o jovial mais louco; Nós agíamos sem pensar no consequente; Nós não dormíamos de noite para voarmos juntas, preferíamos as setas de tarde; Nós trabalhávamos juntas para sermos um confessionário; Nós éramos rainhas, rainhas aliadas;
E agora?! Agora encontramos o silêncio nas nossas ocasiões; O passado nas nossas afirmações.
Sempre li nos livro que era fácil falar sobre qualquer coisa mas difícil era encontrar as pausas para o silêncio ser a nossa forma de comunicação. Nunca percebi as palavras, mas sei que as conquistamos em heras. Nós conquistamos tudo: juntas.
Não precisávamos de falar; Bastava um piscar de olhar para saber o que era pronunciado – “Força! Estou aqui após subirem as consequências.”; Bastava um empurrão para saber que o dito era – “Apoio-te!”; Bastava apenas baixar a cabeça para tu saberes que não estava nos meus dias; E melhor, bastava chegar a casa para saber que ias correr para o quarto para me perguntares “Novidades?”
Nós nunca falhamos; Nunca deixamos que a saudade fosse conjugada em nós.
Imaginavas-nos? Eu, tu e saudade?! Oh, não vale a pena perguntar; Os teus olhos cor de mel não choram a mesma tristeza que eu, não absorvem a mesma melancolia do meu corpo – tu não vês, tu não sentes.
A minha saudade é surda; Para ti o agora e normalidade são sinónimos.

6 comentários:

  1. adorei o post.
    ainda bem que gostas-te passa cá quando quiseres :p

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  2. antes de mais obrigado pelos teus comentários =)

    a saudade é mesmo assim, e pior de tudo, parece sempre que não é recíproca. mas, na verdade, normalmente é!

    gosto da tua escrita, gostei deste texto (:

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  3. Mafaldinha, que saudades! Ia perguntar-te como é que estás mas estou a ver que não estás muito bem. ("A minha saudade é surda; Para ti o agora e normalidade são sinónimos." Hm, wow. Mesmo wow. Está genial esta frase. - E o texto todo.)
    Não fiques triste, pequenina.
    De certeza que as coisas não são totalmente assim.
    E... Se tens saudades é porque te fez bem e cresceste como pessoa.
    Vais ver que a vossa relação vai voltar ao mesmo. Beijinhos enormes, querida.

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  4. saudade é o que eu vou passar a sentir agora .. *

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  5. muito obrigada meu anjo.

    estás carregada de saudade :/
    como isso aconteceu?

    sabes que saudades das nossas palavras, é algo que me acompanha.

    beijinho*

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