segunda-feira, outubro 5

Distância IV

Esta é a nossa estação, Ana;
Tu sabes, eu nunca acreditei em nada do que começava aqui, nunca te o omiti. Achei sempre o verão: “sol de pouca dura” – sentias; e começava e termina logo no mesmo ápice. Quando começavas a sentir já tinha terminado.
Mas tu revolucionaste-me; não acreditava em verões, e agora acredito em nós. Loucuras!
Realmente é bom alargar horizontes, como lhe chamas. Mas saber guarda-los, como dizes. É ainda melhor!
Ensinaste-me isto, mas ainda conseguiste licenciar-me em distância: conheci a verdadeira distância física – até então, totalmente desconhecida, apenas hidrolisada.
A distância de um mar como fronteira; o que é cada uma no seu barco mas juntas na mesma maré; o que é cada uma na sua fronteira mas sempre em rumo à mesma ponte; o que é realmente a distância, quando não são quilómetros mas um mar;
Proferiste ainda em dar-me a conhecer o real valor da palavra “acreditar” – já não me faz sentido a dita frase «é preciso ver para crer»; porque abri de tal maneira a minha alma para ti, que acredito em ti sem fés. Porque a fé é acreditar no que não sabemos que existe e ainda assim depositar toda a esperança; contigo é diferente: sei que existes e que és tão transparente.


Aprendi tanto contigo; e para mim aprender é crescer.
“Senhora professora”, foi a partir da nossa estação que me ensinaste a sentir desde que tudo isto é “nosso”; foi o nosso mecanismo de defesa. Aprendemos juntas se queremos sobreviver.


(Mas sim, ás vezes tanta distância é um sufoco)

PEQUI diz:
Um génio disse, tudo vale a pena quando a alma não é pequena; E tu vales porque somos tão mas tão grandes!

Amizade sempre foi sinónimo de ti, Ana!