domingo, fevereiro 21

Sonhos

«Hoje sonhei contigo»

Hoje sonhaste comigo, renovo; Sarcasticamente, rio-me.
E eu que pensava que tu não sabias sonhar – afinal o sonho, para os inteligentes como tu, é uma experiência de imaginação inconstante durante o nosso período de sono.
Para mim é um chão; Tudo o que conheces de mim são sonhos, acho-os mais importantes que a minha veracidade.
De mim, só vale a pena conheceres os meus sonhos. São com eles que passeio – os meus “não tarda objectivos”.
Sonhos: “Demonstração da realidade do inconsciente”; São estudos do indivíduo; Isto para ti e para os teus, que não acreditam nestas linguagens semiológicas.
«Nah», arrostas. Esgrimes que todos sonhamos. E levas para o lado da publicidade; Eu bem sabia que tu não fazias ideia de onde vinham os sonhos mais penetrantes.
Sem resposta, tentas encontrar-me; dizendo que os tentas aproximar de uma concretização. Então quer dizer que me tentas transportar para a consistência?
Idiotice, não é a mim; é à publicidade.
«Sim claro, se não ficares parada (…)» blá, blá, blá. Já te perdeste na confabulação da realidade – segurança, penhor, caução; são sinónimos de ti. Isso não muda.
Eu transporto os meus sonhos para o nosso meio; puxo-os do interior e atiro-os para o exterior; Mas tu não acreditas que um sonho, por ser uma projecção ideal, algum dia vá ser real por inteiro.
Lamento, mas tudo o que conheces de mim são sonhos. Se não acreditas neles, não acreditas em mim; não me conheces.

«Olha mas eu só queria dizer que hoje sonhei contigo; Lembro-me que haviam desejos envolvidos (…) É o que me lembro mais ou menos. Estás bem?»

Agora, a minha vizinha gritou: “Os sonhos comandam a vida”. Eu “chefio” a tua?
Sabes que te digo? Eu senti! (que sonhaste comigo).
(Repara no tempo; ignora os parêntesis)
P.S.: Hoje não sonhei contigo, nem contigo, nem contigo. Não foi sonho nenhum. Mas olha, se sonhasse, os jogos, os esquemas e os delineamentos, estavam lá. Mas a realidade estava também, só que estava mascarada.

quinta-feira, fevereiro 18

Dezanove

«Eu queria mandar-te uma bonita sms de parabéns, mas perdi dom da palavra. Aqui no esquecimento é frio e escuro, há falta do calor da não distância, do sol. Contudo parabéns Mafalda, eu admiro-te como sempre e ainda te preservo.»



E antes de ontem, soprei uma vela por ti.



segunda-feira, fevereiro 15

Chuva (de anos) I

«Bem vindo ao voice mail, chegaste à caixa de correio de 91*******. Após o sinal deixa a tua mensagem. Bip...»
«Consigo ser muito parvo mesmo, obrigada por me atenderes, és muito amável!
«Deixa-me sem resposta agora, acho que fazes muito bem!»
1 chamada não atendia
2 mensagens recebidas


Cá entre nós que ninguém nos ouve: os papéis invertem-se sempre. Ninguém possui a arte de amarrar, prender ou (só) ficar. Ninguém conquista chuva para o nosso génio «perpetuamente». Preservamo-nos muito mais do que aquilo que imaginamos, precisamos só de encontrar mais uma qualidade todos os dias que nos olhamos (de novo) ao espelho.
Já faz tempo e continuas a dar-me mais jeito longe!

Já agora, amanhã faço anos e hoje está de chuva!

domingo, fevereiro 14

Dia dos namorados

Doce (ou) amargo sabor do pecado,
deseja-lhe um (restante) feliz dia dos namorados.
Tenho o coração nos tornozelos, a barriga contraída, as juras em papel de prata, os segredos a nú, e sabe-me tão bem. És açúcar!
Agora, vou só ali rasgar o suco e dissolve-lo ao jantar, amanteigá-lo em romances e escaldá-lo no tempo: «Para sempre!»
                                                                                                                                                                                                     com amor, Mafalda


sábado, fevereiro 13

Saudade surda


“A saudade é a presença dos ausentes” Olavo Bilac


- Olha tenho saudades tuas!
- Ham?! O quê? Não percebi. Podes repetir?


Trago saudade escrita na testa; Acarreto a saudade presa ao coração; Eu arrasto uma mistura de sentimentos de perda, distância, amizade em cada passo que rojo.
Uma senhora velhinha, repara em mim, na saudade que fez flecha no meu coração. Esta, também trás a nostalgia como prato do dia. De imediato identificamo-nos. Ao fim da tarde, já não somos duas mas uma roda de Portugueses a chorar saudade. Aqui dou sentido ás frases que são vozes na rua – Saudade é o bilhete de identidade dos Portugueses.
Mas, como é que podem titular pessoas de “saudade”; Se a saudade só se pode experienciar? Esta nostalgia não se chora por distância; Esta saudade não se sofre por não se ver; Esta é das piores: vê-se, está-se mas não se sente.
Nós éramos o jovial mais louco; Nós agíamos sem pensar no consequente; Nós não dormíamos de noite para voarmos juntas, preferíamos as setas de tarde; Nós trabalhávamos juntas para sermos um confessionário; Nós éramos rainhas, rainhas aliadas;
E agora?! Agora encontramos o silêncio nas nossas ocasiões; O passado nas nossas afirmações.
Sempre li nos livro que era fácil falar sobre qualquer coisa mas difícil era encontrar as pausas para o silêncio ser a nossa forma de comunicação. Nunca percebi as palavras, mas sei que as conquistamos em heras. Nós conquistamos tudo: juntas.
Não precisávamos de falar; Bastava um piscar de olhar para saber o que era pronunciado – “Força! Estou aqui após subirem as consequências.”; Bastava um empurrão para saber que o dito era – “Apoio-te!”; Bastava apenas baixar a cabeça para tu saberes que não estava nos meus dias; E melhor, bastava chegar a casa para saber que ias correr para o quarto para me perguntares “Novidades?”
Nós nunca falhamos; Nunca deixamos que a saudade fosse conjugada em nós.
Imaginavas-nos? Eu, tu e saudade?! Oh, não vale a pena perguntar; Os teus olhos cor de mel não choram a mesma tristeza que eu, não absorvem a mesma melancolia do meu corpo – tu não vês, tu não sentes.
A minha saudade é surda; Para ti o agora e normalidade são sinónimos.