sexta-feira, dezembro 25

Bem-me-quer

- Onde vamos?
- Anda vem comigo.
- Sim vou! Mas para onde?
- Deixa-te levar. Chegamos.
- É isto? O que é que vamos fazer aqui?
- Sentir!
- Ham?!
- Deita-te, fecha os olhos e agarra. – Dou-lhe uma flor para a mão.


Tiro uma pétala; Tiras umas pétala;
Mal-me-quer (es): - Nada; Revivo como me gostas de ter por perto.
Bem-me-quer (es): - Contigo; Recordo-me da tua beleza.
Mal-me-quer (es): - (a) Sofrer; Arrepio-me de imaginar esta expressão no teu rosto;
Bem me-quer (es): - (a) Sorrir; Lembro-me das tuas piadas sem piada;
(…)


Levantas-te de repente, mexes em qualquer coisa; Mas não sei o que procuras. Pedes para continuar de olhos fechados e agarras na minha mão, grafas um sigilo, como lhe chamaste. A caneta de tinta permanente para ser difícil esquecer: “Bem-me-quer(o-te)”.
Rendo-me à imaginação do recadinho que me deixas, convertido em sorrisos malandros pelas cócegas que me proporcionas. Nisto relembro a nossa “caixinha melosa”: fotografias bonitas, bilhetinhos marotos nas aulas, redacções de carinhos – presentinhos do coração, murmuro.
Sabes, necessito disto. Preciso de olhar para ti e deixar-me ser manipulada por esse teu olhar castanho tão entregue ao meu; Careço que assumas parte do meu corpo e me faças andar, quando a vontade é deixar que esta se funda; Necessito que tomes conta dos meus braços, para não me deixar findar; Preciso que tomes o controle do meu barco, não por mim, mas comigo.
Confio-te isto a ti; Porque introduzo estes números na calculadora e só esta confiança se soma em ti - O teu sorriso sempre foi o meu motivo de multiplicar as forças; O teu olhar sempre foi sinónimo de segurança adicionada; E sabes, a tua mão sempre foi para as minhas quedas subtraírem;
És o meu bem-me-quer!E é bom estarmos juntas a partilhar esta dose de amizade, com a despreocupação da adolescência, seja hoje segunda-feira ou sábado; Estejamos nós na casa-de-banho da escola a gritar assuntos “top secret” sem lembrar que ali estão “outras” a tagarelar assuntos 007, estejamos nós isoladas a falar baixinho com medo que nos oiçam.
É doce; é doce detectar que os nossos cheiros já se misturam e que as nossas cores só funcionam bem encaixadas uma na outra.
O nosso cenário sempre foi presenteado assim – bem-me-quer (es) que cresciam com o que aprendíamos, num tom forte de palavras que não se dissipam, dentro de um fascínio que recordo mas as palavras não me deixam descrever.
Deslumbrante; Calhou-nos bem-me-quer na última pétala, Renata.

*
P.S.: A todos um resto de feliz natal, espero que tenham recebido tantos presentes quanto os vossos braços conseguissem agarrar, na companhia dos mais importantes :)